Abaixo, você confere mais uma poesia impar, de autoria de Cláudio Di Mauro, que - mesmo não tendo hábito de escrever poesias - resolveu mais uma vez nos abrilhantar com sua obra.

 

 

SUSTENTAR ESSA CULTURA?
Cláudio Antonio Di Mauro

Corro pelas esquinas da vida,

Com calma, não tenho pressa

Corro pelas ruas das cidades onde mulheres e negros

São sujeitados a leis despóticas,

Gestadas por homens brancos e proprietários

Corro pelas calçadas disformes onde cadeirantes desistem,

Não conseguem transitar

 

Corro pelos campos de soja transgênica

Onde o borrifar do veneno intoxica

Corro pelas nascentes, margens de rios, onde as águas agonizam

Preguiçosas, já nem querem aflorar. Essa é a cultura a sustentar?
Corro pelas estradas e vias, onde retirantes fogem em bandos,

Sôfregos, sem ter onde aportar

 

Corro por bolsões de pobrezas, onde campeia a exclusão,

Gritam alegres crianças, com futuros marcados para penar

Corro pelos protestos em movimentos, onde a força espanca,

O sangue escorre, mas não podem mais esperar
Corro por cheios palanques, onde discursos vazios, demagógicos,

Prometem, para esta e  futuras gerações, a mesma cultura sustentar!

Corro entre sonhos perdidos, entre jovens que procuram a luz

Onde possam suas esperanças ancorar
Corro pelos templos dos humanos que representam a Força Maior,

Ensinam a orar, doar, sobreviver

Continuo correndo, sem parar, em busca das promessas do que um dia,

Juntos, seremos capazes de  construir, para não chorar.